Templo Exu Caveira e Dona Rosa Caveira
Quimbanda no Brasil
Devemos antes de iniciar os estudos devemos levar em
consideração que conhecimentos espirituais, rituais, e a
verdadeira espiritualidade se alcance na pratica espiritual, na
literatura encontramos a didática para suprir a falta do
conhecimento e esclarecimentos
Atenciosamente
Mestre Roberto
O culto aos npungus e nkisis à través dos seus mensajeiros – os ngangas – foi
misturado na escravidão com o culto aos Encantados e aos pajés ( da cultura tupí-guarani ) e
também com o dos iorubás, surgindo os seguintes novos cultos, fruto das misturas:
Em terras bantas, muito antes de chegada do branco, já existia o culto aos ancestrais (chamados
depois no Brasil “guias”).
Também era conhecida a palavra “mbanda” (umbanda) significando “a arte de curar” o “o culto
pêlo qual o sacerdote curaba”, sendo que mbanda quer dizer “o Além – onde moram os
espiritos”.
Os sacerdotes da umbanda eram conhecidos como “kimbandas” (ki-mbanda = comunicador
com o Além ).
Com a chegada dos portugueses e contatos com os reinos bantos, procuram negociar com elos
de um jeito pacifico. Mais tarde, o Rei do Kongo (manikongo) descendente do primeiro
ancestral kongo divinizado o Tatá Akongo converte-se ao catolicismo, sendo que também fazem
o mesmo todos os seus vasalhos. Pôde-se apreciar então que os negros bantos já na África são
evangelizados por vontade própria, fazendo elos mesmos em suas terras sincretismos entre
Santos e Nkisis.
Porém uma parte banta não aceitou, nem adotou a evangelização, sendo que tramaram uma
revolução em contra do rei do Congo, mesmo ainda, para se mostrar opostos ao branco e os
Santos, adotaram dizer que eram do Diabo.
Esses povos bantos eram os Bagandas, Balundas e
Balubas.
Ao tempo os Bagandas em revolta conquistaram a região de Angola e logo após quase todo o
reino congo (que estava formado por vários reinos vasalhos). Um dos reis bagandas foi Ngola
Mbandi, de onde provêm o nome de Angola.
Baganda, é um grupo étnico Bantu nativo de Buganda, um reino subnacional em
Uganda.
Tradicionalmente compostos por 52 clãs, os Baganda são o maior grupo
étnico de Uganda, compreendendo 16,5% da população na época do censo de 2014
No Brasil
No periodo da escravidão, os bantos dos dois grupos (revolucionários e evangelizados) em
contato com os grupos tupi-guaranis, existindo também entre os indios dois grupos afins aos
grupos bantos:
Indios bruxos que não aceitavam os santos e os indios evangelizados que gostavam da idéia do
sincretismo religioso.
Esses grupos juntam-se para fazer suas magias por separado
Os negros bantos contrários ao branco e os santos com os indios bruxos; e os negros bantos
evangelizados com os indios evangelizados.
Inicia o surgimento de duas correntes paralelas e opôstas que seriam conhecidas no Brasil como
Umbanda – o culto dos caboclos e pretos evangelizados; e a Quimbanda – o culto dos caboclos
e pretos que não aceitaram viver em baixo do pé do Deus dos brancos, se aliando ao Diabo
(inimigo do branco) e com Exu (aquele que também era erroneamente olhado como um
demônio).
Aliás, temos dizer que, com o passar do tempo, quando morrem os escravos dos dois grupos,
são chamados e incorporados a través do trance por seus descendentes, ao principio na
Macumba e logo na Umbanda .
Porém, os espíritos chegavam todos num mesmo terreiro sem tanta diferenciação, e até se
confundindo os grupos.
Os descendentes de escravos o que menos queriam era de ser chamados satanistas ou
macumbeiros, por isso votaram aos grupos revoltosos em baixo do pé dos grupos evangelizados
e a Kimbanda ficou sendo uma sub-linha da Umbanda.
Porém os próprios Espiritos se encarregaram de fazer a separação e hoje em dia podemos dizer
sem dúvidas que existem duas religiões paralelas e diferentes:
A Umbanda – onde chegam os Espiritos Guias dos Pretos e Caboclos evangelizados, vestidos de
branco, humildes, que acreditam nos santos e os orixás, onde não se faz sacrifícios de animais,
que não fazem o mal, etc.
E a Kimbanda – onde chegam os Espiritos Guias dos Pretos e Caboclos que trabalham para bem
ou mal(depende do ponto de vista, o mal para um pode ser o bem em conjunto), com sacrifícios
de animais, orgulho, revolução e que não acreditam nos Santos da Igreja, defensores de tudo o
que seja africanismo, mantendo suas origens e aceitam aos orixás e nkisis.
Cabe dizer, que os seguidores das distintas ramas da umbanda, adoutam e adaptam as duas
linhas (umbanda-kimbanda) segundo os preceitos e as influências majoritárias da sua Casa de
Religião. Por exemplo, aqueles que fazem Umbanda Branca (sem sangue) votam a kimbanda
em baixo da mesma e para os Exus tampouco matam.
Aqueles que fazem culto aos Orixás iorubas e também practicam Umbanda, dadas as
influências iorubanas, olham na Umbanda como na Kimbanda um culto aos ancestral (ou Linha
de Almas) submetidos aos Orixás, fazendo para o ancestral em rituais de sacrifícios (principio
fundamental dessa cultura).
Hoje em dia podemos dizer que a Kimbanda se liberou da Umbanda, existindo um culto
separado só prá Exu da Kimbanda e fora do contexto umbandista.
Ao tempo os Bagandas em revolta conquistaram a região de Angola e logo após quase todo o
reino congo (que estava formado por vários reinos vasalhos). Um dos reis bagandas foi Ngola
Mbandi, de onde provêm o nome de Angola.
A Quimbanda ou Kimbanda não é simplesmente mais uma das linhas existentes dentro dos
cultos afro-brasileiros, suas influências não são somente Bantu, Nagô e Yorubá, também
abrangem em larga escala vários aspectos da Religião Indígena, Católica, o Espiritismo
moderno, a alquimia, o estudo da natureza fundamental da realidade e Correntes Orientais.
É importante lembrar que o sincretismo entre Exu e o Diabo existe, salvaguardando várias
confusões ao verificar que atualmente muitas pessoas pensam que a Quimbanda é um culto
satanista, tendo aquele sentimento de dualidade aonde as pessoas vêem o bem e o mal em uma
luta eterna confundindo a figura do Diabo
O conceito de polaridades, positiva e negativa não se encaixa no plano material, aonde não quer
dizer o mesmo que atitudes, positiva e negativa, principalmente tratando-se de energia pura. É
como disse o sábio preto velho Pai Maneco, falando da importância dos Exus, apontou uma
lâmpada e disse: “ Aquela é resultado do perfeito encontro entre o positivo e o negativo” .
É bom deixar claro também que o Exu da Quimbanda não é o mesmo Exu do Candomblé aonde
ele é um Orixá menor da cultura Yorubá, o Exu da Quimbanda é geralmente um Egum sendo
que na maioria dos casos é a Alma de alguém que pertenceu ao culto, conscientemente ou não, e
agora trabalha como mensageiro dos Orixás, como Exu, mais ou menos o mesmo que ocorre em
outras Linhas e Bandas dedicadas a algum Orixá, por exemplo como na Linha de Ogum
trabalham Espíritos de Índios e Negros que em vida foram guerreiros, usaram espada e de
alguma forma pertenceram ao culto, como sabemos que Seu Ogum Sete Espadas e Ogum Sete
Ponteiras do Mar não são o mesmo que o Orixá maior Ogum.
Os Espíritos, Exus, com os quais estamos tratando tiveram em sua maioria encarnações aqui na
Terra em finais do século XIX e princípios a meados do século XX, daí vêm as suas vestimentas
e a forma de seu comportamento.
Ainda na questão do sincretismo é muito importante frisar que os autores que até hoje
discorreram sobre o assunto usaram um organograma básico para apresentar o que muitos
pensam ser a verdadeira organização hierárquica da Quimbanda mas é somente a cópia de um
livro antigo de evocação e cultos diabólicos da cultura ocidental que fala sobre os demônios,
suas hierarquias e poderes, o “ Grimorium Verum” .
Considerando que este livro já existia muito antes do descobrimento do Brasil e que a
Quimbanda como conhecemos é uma religião brasileira afirmo que é errado basear-se neste
organograma como base para estudarmos este assunto porém não devemos esquecê-lo pois os
Exus, como nós, tiveram já várias encarnações, alguns inclusive viveram nos primórdios da
nossa civilização como por exemplo Exu Tata Caveira que foi um Sacerdote no Egito antigo ou
inda mais longe Exu Caveira que a 30.000 anos atrás era um nômade bruxo e curandeiro,
outrora estes Espíritos já trabalharam no plano astral nesta mesma Linha e alguns até ajudaram a
escrever o “ Grimorium” .
A Umbanda não vive sem a Quimbanda, como a árvore não vive sem a copa ou sem a raiz,
então com base em estudos e prática na Quimbanda podemos afirmar que o culto como o
conhecemos é o mesmo praticado na maior parte dos Terreiros de Umbanda do Brasil que para
obterem equilíbrio em seus trabalhos cultuam as Sete Linhas da Umbanda e as Sete Linhas da
Quimbanda, desta forma podemos discorrer aqui sobre o assunto de uma forma mais ampla e
que leve a implementar os atuais conhecimentos sobre os Exus.
Quimbanda não é sinônimo de satanismo e de jeito nenhum pode ser ligada a obscuridade, é
apenas um termo usado no Espiritismo é uma forma de estar na vanguarda do Espiritismo e da
magia trabalhando a espiritualidade como um todo, uma ferramenta destinada a evolução
espiritual através do poder e dos conselhos destes nossos guias protetores, os Exus, que tanto
nos auxiliam nas horas de aflição.
Embora não devamos julgar sabemos sim que lamentavelmente existem pessoas inescrupulosas
e de má índole que usam a magia da Quimbanda para a prática do mal mas isto é culpa
exclusiva do homem e não das entidades, não podemos culpar o veneno por matar e sim aquele
que o utiliza como arma, não podemos culpar o Exu por fazer o que lhe é pedido mas sim quem
se aproveitou deste contato espiritual para pedir que praticasse o mal. Nunca podemos esquecer
da imutável Lei do Karma, tudo o que você fizer volta pra você.
Existe muita confusão a respeito do termo Macumba e acho importante esclarecer isto, este
nome deriva do Banto “ ma-quiumba” que quer dizer espíritos da noite, também este nome era
usado no sul do país para definir mulheres negras no tempo da escravidão, por isso o uso do
nome ainda hoje é usado de forma preconceituosa por pessoas ignorantes a respeito do assunto.
A Macumba pelo que sabemos é o mais primitivo culto sincretista do Brasil e originou-se na
região sul dada a sua maior predominância da nação Banto, é desta nação que descendem a
maior parte dos cultos afro-brasileiros com influências da Igreja Católica, Indígenas e das
nações do Congo, Angola e Nagô.
A principal razão do culto ser denominado como Macumba foi justamente por motivo de os
rituais serem realizados à noite em razão de os trabalhos serem feitos com Eguns e porque
durante o dia os negros trabalhavam sem descanso, vem daí a interpretação errada do ritual
pelos leigos, os negros que praticavam a Maquiumba ou como ficou conhecida Macumba eram
geralmente menosprezados, perjuriados e mal interpretados pelos que os escravizaram em razão
de sua fé.
A Igreja também condenava estes cultos com influências indígenas ou africanas dizendo que
praticavam beberagens e até orgias.
É verdade que as entidades bebem e até pitam e que as
curimbas, danças, as vezes são bastante sensuais mas venhamos e convenhamos que entre isto e
orgias e beberagem há uma grande diferença.
Quando os grupos de nações começaram a procurar e a valorizar mais a sua natureza e
identidade cultural é que a Macumba se dividiu, surgiu então o Candomblé de Angola, o
Candomblé do Congo, o Candomblé de Caboclo ou dos Encantados e o Catimbó, no final do
século XIX surgiu a Macumba Urbana que tinha participação de brancos pobres e descendentes
de escravos, finalmente no inicio do século XX surgiram a Umbanda e a Quimbanda com uma
forte influência do Espiritismo e com o sincretismo religioso.
A formação da Quimbanda teve uma forte influência dos escravos e índios que sincretizaram
Exu com o Diabo por este ser “ inimigo dos brancos” e por não aceitarem os Santos Católicos,
identificando-se assim mais uma vez com o Diabo. Com o advento da Umbanda começou o
trabalho de Quimbanda em Terreiros de Umbanda o que deu sustentação firme aos trabalhos
com os, “ Compadres” , Exus e assim formatou-se o atual culto da Quimbanda.
Na verdade pode-se dizer que a Quimbanda como a conhecemos atualmente nasceu juntamente
com a Umbanda em 15 de novembro de 1908 pois uma Linha completa o outra formando esta
força que nos da vida e este reino cheio de luz.
Laroye Exu
Laroye Pomba Gira
Laroye Exu Mirim
Laroye Pomba Gira Mirim