terça-feira, 13 de novembro de 2018

Quimbanda




É muito difícil definir com precisão a origem da Quimbanda, diferentes histórias e conceitos são descritos de diferentes formas em várias literaturas, e a mistura
com várias tradições e sincretismos que ocorreram ao longo do tempo até se chegar a Quimbanda como conhecemos hoje também dificulta o estudo sobre sua origem, além do fato da Quimbanda ser um culto de tradição oral.
Sabemos que as raízes africanas na Quimbanda vêm dos bantos, dos povos de Angola-Congo, que praticavam o culto aos Mkisi/ Nkisis, e reuniu elementos das tradições de vários grupos étnicos africanos, como os Ambundus, Bakongos, Bagandas, Balubas e outras tribos bantas, e também do sincretismo com o culto Nagô, que assim como os bantos, foram escravizados e trazidos em massa para o Brasil.

Algumas literaturas retratam que Diogo Cão ( navegador português do século XV) e sua frota foi mandado por Dom João II em 1482,dando seguimento a sua política de expansão, com o objetivo de continuar o descobrimento da costa africana. Diogo Cão chegou ao Congo, e estabeleceu as primeiras relações com este Reino.
Os enviados do Rei português estavam acompanhados por alguns intérpretes conhecedores das línguas africanas e foram até a cidade real que se encontrava no interior do continente, onde a corte congolesa ficou muito interessada nas histórias que os portugueses contavam.

Diogo Cão retornou a Portugal transportando um grupo de elite nativa do Congo, e como garantia que eles iam retornar com estes homens, também deixaram alguns portugueses no Congo.

Chegando a Lisboa os congoleses foram muito bem tratados, tiveram estudos sobre a língua portuguesa, o modo de vida dos portugueses e sobre os preceitos do catolicismo, onde inclusive foram batizados.

Em 1485 os portugueses retornaram ao Congo juntamente com os nativos e ofereceram muitos presentes para o Rei do Congo.

O Rei do Congo (Manicongo) se chamava Nzinga Nkuwu e governou o Congo aproximadamente entre 1470 e 1509.

A aproximação com os portugueses intensificou o comércio regional e internacional e com tudo isso Nzinga Nkuwu queria que o Reino Congo e o Reino de Portugal se igualassem nos costumes e na maneira de viver.
Em 1488 Nzinga Nkuwu enviou uma embaixada ao rei de Portugal com o intuito de que eles fossem instruídos a estudar a fala, a escrita, os costumes portugueses e a fé católica. Esta embaixada levou para o rei de Portugal vários presentes como objetos de marfim e tecidos de palmeiras.

O Rei do Congo também fez pedidos para que enviassem ao Congo artesãos, carpinteiros, trabalhadores em geral e sacerdotes.
Em 1491, o Rei do Congo Nzinga Nkuwu desejou ser batizado junto com sua família e passou a se chamar João I.

Após a morte de Nzinga Nkuwu, seu filho, que se chamava Nzinga Mvemba se tornou o governante do Congo.

Ele reinou sobre o império Congo de 1509 ao final de 1543 e adotou o nome de Afonso I. Nzinga Mvemba , que matinha fortes contatos com Portugal, aumentou o comércio com os portugueses, aumentando a riqueza do reino e estabeleceu o cristianismo como a religião oficial do reino, destruindo símbolos religiosos tradicionais e construindo igrejas e escolas.

Neste período, tanto a nobreza local quanto grande parte dos camponeses aceitaram a catequização, mas não abandonaram algumas de suas práticas tradicionais, ocorreram muitas analogias entre o culto local e o cristianismo.

Os missionários chamavam os objetos litúrgicos de nkisi e para os nativos estes missionários possuíam a mesma importância que os sacerdotes locais, ocorrendo assim uma “africanização do catolicismo”. Este foi um período conturbado, havendo choque entre as culturas, e também na política local.

Um dos principais objetivos dos portugueses desde a chegada de Diogo Cão era desenvolver o comércio de escravos, eles precisavam de mão de obra barata e em grande quantidade.

No início os escravos eram apenas prisioneiros de guerra, e Afonso I foi o principal fornecedor de escravos para os traficantes portugueses, mas com o passar do tempo os traficantes começaram a aprisionar até mesmo nobres congoleses e estavam causando guerras entre os povos para aproveitarem a situação, capturarem e os venderem como escravos.

Em 22 de abril de 1500 o Brasil foi descoberto pelos portugueses através da frota comandada por Pedro Álvares Cabral. Devemos ressaltar que quando os portugueses chegaram ao Brasil, ele já era habitado por vários povos indígenas, consequentemente o termo “descobrir” neste caso é usado em uma perspectiva eurocêntrica.

O Brasil, sendo uma colônia de exploração, fez com que os portugueses utilizassem o trabalho escravo dos negros africanos, e numerosos foi o contingente de escravos bantos e iorubas trazidos para o Brasil.
Nesse meio havia os escravos catequizados, mas também existia um grupo que não aceitaram a evangelização.

O índio brasileiro, assim como os africanos, também foi um povo massacrado e agredido no processo europeu de colonização e que também passou por este processo de catequização, e assim como ocorreu com os africanos, os índios brasileiros também se dividiram em dois grupos: Aqueles que aceitaram a catequização e aqueles que não aceitaram.

No Brasil, os escravos africanos começaram a ter contato com os índios brasileiros e através dessa aproximação o culto aos Nkises foi misturado ao culto aos pajés e encantados da tradição indígena Tupí- Guaraní e também com os cultos Iorubás.

É importante ressaltar que durante o processo de colonização na África, os sacerdotes cristãos haviam demonizado o Exu (Orixá) cultuado pelos Iorubás, por carregar o símbolo fálico, receber oferendas sangrentas, dentre outros motivos, além, claro, da igreja católica sempre ter tido a necessidade de combater os outros cultos.

Devemos salientar que os sacerdotes africanos e os xamãs indígenas exerciam as mesmas funções em suas tribos, e seus cultos mortuários e a prática que este povo tinha de curandeirismo, uso de ervas e métodos de adivinhação e possessão foram elementos extremamente importantes para a formação da Quimbanda.

Nesse tempo foram formados dois grupos; os negros e os índios que aceitaram a catequização e aceitaram o sincretismo com o catolicismo; sendo estes as raízes do culto chamado Umbanda, e os negros e os índios que não aceitaram o catolicismo e através dessa revolta começaram a se identificar com a figura do Diabo, e assim todos aqueles que eram reprimidos pela sociedade dominante, mas que não aceitaram as normas, a submissão e as leis impostas pelos escravocratas, reuniram elementos de todas essas tradições (do branco, do negro e do índio), elementos estes que são uma síntese de um sistema tribal de bruxaria, feitiçaria, necromancia, e culto aos ancestrais, este foi então o ponto de partida para o surgimento da Quimbanda.

Devemos saber que não foram somente os negros e os índios que passaram por situações de dificuldades no Brasil, mas também houveram europeus que viajaram para o Brasil em busca de melhores condições de trabalho e passaram por dificuldades.

Alguns europeus vieram com o intuito de se tornarem proprietários rurais, mas devido a sua situação precária, contraíram dívidas com os latifundiários que financiavam as passagens das vindas para o Brasil.

Estes latifundiários que estavam acostumados com o trabalho escravo e estavam despreparados para lhe dar com o trabalho assalariado criaram situações para que os imigrantes europeus contraíssem dívidas com eles e não tivessem a chance de buscar novos rumos, ficando retidos em seus locais de trabalho e criando uma espécie de semi-servidão.

Os imigrantes começaram a não aceitar a exploração e começaram lutar das mais diversas formas, sendo muitas delas de formas violentas, havendo greves e em várias ocasiões, principalmente nos campos, houveram assassinatos.

Os Exus que muitas vezes são chamados de “povos das ruas” representam estes ancestrais que formaram a história do Brasil, sendo eles principalmente de origens europeia ,africana e indígena( ou a mistura entre eles) o que explica como os europeus também foram importantes para a formação da Quimbanda no Brasil, além das formas de bruxaria e feitiçaria europeia que se uniram aos cultos africanos e indígenas formando a Quimbanda.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Exu Meia Noite

É um guardião dos portais entre os mundos.
 Comanda junto com Exu Sete Porteiras os portais astrais de onde vêm e para onde se encaminham os espíritos. 
Como todos sabem o dia neste planeta é contado pelo nascer e deitar do sol, e dividimos este período em 24 horas, com as quatro grandes horas principais, a saber: 06 horas elemento fogo, 12 horas elemento ar, 18 horas elemento água e 0h elemento terra. 
Cada período possui uma energia própria e espíritos que auxiliam no seu desenvolvimento. 
Também temos as horas em si que muitos calculam ter uma influência de anjos e arcanjos.

 Na realidade não existe um tempo  porque
 se faz presente em todas as galáxias e planetas independente do nosso horário na terra, o que existem são ciclos para nós humanos, como toda festa existe um início, um meio e um fim. 
Estes portais entre os planos de vibração devem ser abertos para que haja uma ordem energética para todos os seres vivos. 
As falanges do Exu das Sete porteiras e o Exu Meia noite atuam nestes portais entre os planos não só dos encarnados e desencarnados, como os planos de evolução das mônadas, o plano físico, o plano mental, o plano astral, o plano espiritual, o plano cósmico, as esferas divinas...

Dizem que talvez sejam os nove portais entre estes planos que são guardados por estes senhores.

Meia Noite em seus médiuns é um grande amigo e protetor, ganhou a fama de feiticeiro pois conhece os mistérios dos mundos, e conhece também a missão dos espíritos encarnados nesta terra, além dos desencarnados, por isto sabe manipular a energia, folhas, passes, sons místicos, palavras secretas e pontos sagrados.

Possui uma espada como símbolo honorífico de um grande guerreiro que protege, encaminha, “solta e prende” os espíritos desencarnados.

Também é chamado de Exu da Hora Grande.

À meia noite ele abre as portas do mundo físico e mundo espiritual, para que os mundos se comuniquem livremente. Também nas grandes horas há uma grande manipulação de energia onde o Meia Noite se faz presente com a sua capa.

 Nas aberturas das giras de Umbanda é este exu quem faz o papel de abrir a porta do mundos dos espíritos para o trabalho, e fecha no final da gira para encaminhar os espíritos que foram curados. Ou seja em qualquer templo religioso é o Meia Noite como mago que abre os portais astrais.


Também guarda os portais para quando as pessoas vão se projetar psiquicamente conscientemente ou inconscientemente (durante o sono).